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Compulsão por livros é o mesmo que amor pela literatura?

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Olá, mundo. Faz um tempo que estou experimentando o Wordpress, depois de apenas usar o Blogger. Estou gostando muito daqui, da vibe meio tumblr que a plataforma tem. Passei minhas resenhas pra cá mas, recentemente, percebi que escrever resenhas não é algo que eu realmente goste de fazer de forma regular. 
[EDIT: eu voltei pro blogger e trouxe meus posts pra cá]
A leitura significa mais pra mim do que eu poderia simplificar em um texto de 800 palavras e não quero fazer parte dessa cultura imediatista que parece estar contagiando o meio literário, onde a leitura é como os canais de TV, que constantemente zapeamos em busca de algo que nos agrade.
Afinal, pra que servem as resenhas literárias? Quando você quer comprar um livro, mas não sabe se vai gostar, procura uma resenha pra saber a opinião de outra pessoa. Isso ajuda um pouco, mas nem sempre esse método é eficaz. Por várias vezes, discordei da visão de pessoas sobre livros que eu li. Parecia que havíamos lido livros diferentes. Aliás, quando leio resenhas antes de ler o livro, já entro na leitura sabendo o que esperar, e posso me decepcionar ou me surpreender. Mas, afinal, por que estamos fazendo isso?
Vi no facebook uma notícia sobre uma pré-adolescente brasileira que tem a meta de ler 500 livros esse ano. Isso dá mais ou menos um livro e meio por dia. À primeira vista, isso parece ótimo. O Brasil, um país que não lê, tem exceções afinal. E, ressaltando, essa leitora provavelmente acabou de descobrir seu amor por ler. Mas acho que, para nós que já gostamos de ler há algum tempo, a compulsão dos dias atuais não faz sentido. Parece uma competição. "Li 200 livros esse ano!" diz alguém numa roda de conversa. "Eu li 100", diz outro, envergonhado.
A verdade é que é impossível entender tudo que se lê, lendo tão rápido.  Algumas leituras precisam de um ritmo mais lento, porque são mais profundas; outras, são longas porém tão superficiais que fazem parecer que nem se está lendo. Posso dizer por experiência própria que alguns livros valem mais que outros, que não valem meio. Como ler e amar literatura quando se está preocupado em bater uma meta? Vamos supor que alguém comece a ler um livro e ache-o totalmente lento e desinteressante. Lê os parágrafos mas não entende nada do que está se passando na história. Só que ela não pode desistir, parar, reler. Ela tem mais trocentos livros pra ler esse ano, não pode se dar ao luxo e gastar mais de um dia nesse. E se ela trocar de livro e o próximo também não agradar? Nesse jogo, as palavras que ela leu não vão contar para nada e ela vai se atrasando na meta. O que você acha que vai acontecer? O livro vai ser queimado com os olhos passando rápido pelas páginas, e no fim vai pra lista de lidos no Skoob.
Mas quando chegamos à altura de 1000 livros lidos, ganhamos algum prêmio, uma visão mais clara da humanidade? Afinal, ler também é matemática? Quando lemos a última palavra do milésimo romance, garantimos uma vaga no céu dos leitores? Aliás, que últimas palavras são essas? Elas me farão chorar ou rir? Significarão alguma coisa pra mim ou será apenas palavras numa página, pelas quais passando os olhos eu chegarei no objetivo maior, o número perfeito? Eu ainda estou longe dessa marca espiritual, mas gostaria de saber pra ver se me apresso também.

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