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Resenha: Os Três, Sarah Lotz



Quatro aviões comerciais cheios de passageiros caem ao mesmo tempo na África, Europa, Ásia e América do Norte. Em três desses acidentes fatais, crianças surgem como únicas sobreviventes numa situação mais que improvável. Era impossível que sobrevivessem, mas elas estavam ali, quase intactas. Os Três são Hiro, Jessica e Bobby.


Hiro é um garotinho japonês, que viajava com sua mãe quando o avião caiu numa floresta no Japão famosa por ser point para suicídios. Hiro é filho de um gênio da robótica japonês, e vai morar com os tios e prima enquanto seu pai se recupera.

Jessica, uma garotinha inglesa, viajava com os pais e a irmã gêmea. Depois da tragédia, ela vai morar com seu tio, Paul, um ator desequilibrado que relata a convivência com a sobrinha para Elspeth, por meio de conversas e gravações de áudio.
Bobby, americano, estava com a mãe no voo. Depois da queda, foi morar com seus avós, Lilian e Reuben, que sofre de Alzheimer.
Todos acabam sendo explorados por sensacionalistas da mídia e alvos de seitas religiosas que pregavam que eles eram os quatro cavaleiros do apocalipse ou ufólogos que acreditavam que eles eram alienígenas, entre outros.
– O que você é? – Era a primeira vez que eu indagava isso.
– Sou Jess. Quem você acha que eu sou? Você é um bobinho, tio Paul.
Elspeth Martins é a autora do livro "Da Queda à Conspiração", onde os acontecimentos que se seguiram à tragédia são analisados. A maior parte de "Os Três" é o livro de Elspeth na íntegra, escrito em forma de documentário, o que dá uma atmosfera bastante realista a tudo que é narrado. Com depoimentos de diversos personagens, cada um com uma perspectiva diferente dos acontecimentos da Quinta-Feira Negra, como ficou conhecido o dia da queda dos quatro aviões, acaba sendo um mistério quanto ao seu próprio subgênero. Ao desenvolver da trama, fiquei tentando imaginar o que, afinal de contas, eram as crianças-milagre. A todo momento, uma nova linha de pensamento nada impacial era criada e as teorias da conspiração pareciam se tornar opções válidas.
Mais importante, talvez, do que o mistério das crianças, foi a demonstração da incrível habilidade humana de se influenciar por acontecimentos aparentemente inexplicáveis a criar as mais variadas teorias, muitas vezes dando aos fatos a interpretação que mais lhe convém.
Sarah Lotz escreve um livro intrigante e cria uma interação muito próxima da tragédia, mostrando tudo de tantos ângulos que é quase impossível escolher no que acreditar. Até antes o fim, o livro traz dualidade, deixando ganchos para a imaginação do leitor.
No entanto, na minha opinião, o livro teve um suspense crescente para para um final decepcionante. Talvez nenhuma explicação seja melhor que meia explicação para qualquer mistério.

Dados do Livro:
Ano:2014
Editora: Arqueiro
Número de Páginas : 390
Livro no Skoob

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